sábado, 23 de fevereiro de 2008

O livro de Rute conduz muitas lições que o povo soube captar e usar nos momentos oportunos

Lições que o livro de Rute nos traz

Dos nomes

Tudo tem sentido na história de Rute. As/os personagens desta história têm nomes cujos significados ajudam a revelar a função de cada pessoa dentro dessa inteligente e inspirada novela. Tal como o sábio disse: "A glória de Deus é encobrir as coisas" (Pr 25.2), assim é o livro de Rute que não oferece tudo pronto para os seus leitores ou suas leitoras. Assim é o nome das/os personagens do livro: eles podem ajudar a entender a mensagem dessa história.

  • Elimeleque (marido de Noemi) significa meu Deus é rei;
  • Noemi (esposa de Elimeleque) significa minha alegria, meu prazer;
  • Mara (outro nome de Noemi, Rt 1.20) significa amarga;
  • Maalon (filho de Noemi e Elimeleque) significa doença;
  • Quelion (filho de Noemi e Elimeleque) significa fragilidade;
  • Orfa (nora de Noemi e Elimeleque) significa costas, nuca;
  • Rute (nora de Noemi e Elimeleque) significa amiga, companheira;
  • Boaz (parente de Noemi) significa pela força;
  • Obed (filho de Rute e Boaz) significa servo.

A partir dos nomes é possível interpretar a história de Rute: É possível, através do significado de cada nome, traçar o roteiro da história de Rute, bem como perceber a sua intenção. Assim, o rei não existe no período dos juízes, mas Deus é o governo supremo (Elimeleque). Maalon e Quelion são israelitas, mas por suas fraquezas e enfermidades morrem para dar lugar a Obed, o novo homem, sem as características reais, mas as de servo. A nova geração de povo de Deus terá a força de Boaz e o companheirismo amável de Rute. O futuro da comunidade chamada por Deus está, assim, marcado pela amizade de Rute, a alegria de Noemi, pela força de Boaz e a conduta de servo Obed. Quanto à Orfa, ela virou as costas e se perdeu o trem da história da salvação que seguirá em frente, chegando em Jesus. É a linha de esplendor sem fim.

A valorização dos compromissos familiares.

A solidariedade na família não está funcionando. Este é o recado do livro de Rute. Quando os compromissos entre os membros da família andam frouxos, lê-se a história de Rute. Por quê?

(a) A lei do levirato. A história de Rute é para ser lida junto a Deuteronômio 25.5-10 e Gênesis 38.1-30. Todos estes três textos estimulam o povo bíblico a levar a sério a instituição da família. O texto de Deuteronômio 25.5-10 legisla sobre o assunto. As histórias e Judá e Tamar (Gênesis 38) e de Rute mostram duas aplicações dessa lei para servir como exemplo para o povo. Para que não haja órfãos (meninos/as de rua) e viúvas desprotegidas na sociedade israelita, a instrução divina é para que, em caso de morte do marido, o irmão mais velho assumisse a condição de protetor da casa enlutada, tomando a viúva e os filhos ou as filhas órfãos. A finalidade dessa lei era evitar que houvesse viúvas e crianças sem lar.

(b) A aplicação da lei do Levirato. No período da reconstrução do povo bíblico, após o desastre das perdas da terra e do rei, e a destruição de Jerusalém, o povo começou a buscar com mais intensidade as instruções divinas, através das leis e dos testemunhos históricos. Na verdade, a liderança queria reconstruir a nação com as práticas mais saudáveis do passado. O povo sabia que reforçando os compromissos familiares, ele estava profetizando um futuro feliz para a nação.

A valorização da pessoa e não da raça.

O livro de Rute foi guardado e transmitido por grupo de pessoas que estavam convictas que Javé é o Senhor do universo, e não somente do restrito grupo de judeus. Por isso, o livro de Jonas e a história de Rute têm a mesma intenção, a saber, o compromisso de Deus é com as pessoas e não simplesmente com a raça dos judeus. Este ponto foi muito bem entendido e proclamado por Jesus, particularmente, Paulo (ler e reflexionar sobre o conflito entre Paulo e Pedro sobre este assunto.................).

A lei deve estar a serviço da vida.

A história de Rute é uma formidável afirmação de que a lei deve ser tomada e aplicada para trazer e criar o bem-estar na comunidade. Aqui, a lei entra na história de maneira sutil e escondida para prestar serviço a uma pessoa que se achava angustiada. É interessante observar que a Bíblia fala muito em disciplina (lei), justiça e direito. Especialmente, o Antigo Testamento dá muito espaço para as normas e disciplinas na comunidade, todavia as leis deveriam ser aplicadas, preferencialmente, quando a justiça for acompanhada de bondade, amor, compaixão, fidelidade, lealdade e paz (ler e reflexionar sobre o Salmo 85).

A lealdade entre Noemi e Rute anuncia a graça e a salvação.

O livro de Rute quer resgatar e aplicar esse valor na sociedade israelita. Trata-se de uma lealdade que supera todos os preconceitos e anuncia o novo tempo da graça (ler e meditar sobre as palavras de Rute para Noemi, em Rt 1.16-17).

A esperança nasce em Belém.

É interessante observar que a Bíblia liga a esperança a lugares e pessoas simples e humildes. A cidade de Belém fica na periferia da Canaã e a família de Noemi, sofrendo os horrores da seca e fome, foi obrigada a migrar para uma terra distante e estranha. Com isso, a história de Rute quer mostrar que a esperança acontece quando há seriedade e fidelidade no Senhor. Noemi, Rute e Boaz são sinônimos de fidelidade.

O menino Obed é mais do que um homem: é o nascer do novo mundo.

O rei morreu; a fraqueza e a enfermidade continuam ameaçando; o virar as costas para a salvação é uma realidade entre o povo; a fome e a busca de um teto para morar e lugar para ganhar o pão de cada dia continua incomodando. Apesar de todos esses impedimentos que a vida expõe diante das pessoas, é possível reconhecer que Deus está agindo no mundo, através do servo de Deus.

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