Temor a Deus

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. Salmo 111.10

"Tema a Deus" eram as palavras em um adesivo no pára-choque de um carro à minha frente. Tive que controlar a vontade de saltar de meu carro e, por cima da palavra "Tema", escrever "Ame". "Não! Isso não está certo. Devemos amar a Deus", quase gritei. A Bíblia diz para amar a Deus com todo nosso coração, alma e força, como Moisés disse aos israelitas em Deuteronômio 6.5 e como Cristo lembrou aos fariseus quando eles O questionaram sobre o maior dos mandamentos (veja Mateus 22.36-37). Até a carta de João está repleta de referências a esse amor abrangente (veja 1 João 4.7-19). Certamente Deus não quer que O sirvamos ou que fujamos Dele por medo, pensei.

Mas a Escritura e a razão também me dizem que conforme cresço em meu amor a Deus há um "temor" que Ele exige de mim: um temor que significa respeito e reverência pelo meu Criador. Sei que se amar Deus sem reservas, vou querer segui-Lo avidamente, com respeito e reverência. Mas o amor deve vir primeiro. Como Deuteronômio 6.9 nos diz: "E as [palavras dos mandamentos] escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas". E, no meu caso, até num adesivo de carro!

 Que cada um de meus dias seja uma bênção de amor a alguém com quem eu me encontre.

Caminhando com humildade

Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Mateus 6.16

Quando era mais jovem, fui um exemplo de como não ter atitudes impróprias no período da Quaresma. Alardeava a todos: Muito bem, amigos e familiares, por favor, nada de sobremesas para mim. Estou jejuando, estou abrindo mão de algo para Deus. Em minha cabeça, isto fazia de mim a cristã perfeita. Mais tarde, por meio do estudo bíblico, da oração e no anseio de ter um melhor relacionamento com Deus, descobri que jejuar durante a Quaresma nada tinha a ver comigo. Esse período de preparação é um lembrete do amor de Jesus por nós, entregando-Se para a nossa salvação.

Conforme amadureci na fé, descobri que esses quarenta dias não têm nada a ver com abrir mão de algo, mas assumir um compromisso que me ajude num relacionamento íntimo com Deus. Por isso, não me gabo do que abro mão na Quaresma. Em vez, passo mais tempo em oração e meditação diária, auto-análise e arrependimento, para a restauração de um relacionamento mais íntimo com Deus.

O texto de hoje nos lembra de caminhar humildemente com Deus em nosso relacionamento com as pessoas. Podemos sentir a tentação de nos gabar daquilo que damos ou a chamar a atenção, de outras formas, para a nossa entrega a Deus. Mas o que Cristo quer é que nos sentemos em silêncio com Deus e busquemos orientação para as nossas vidas.

Mas, nada é impossível

Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11.1

Sara e Abraão já estavam em idade avançada quando Deus lhes prometeu um filho. Por isso, quando ouviu a palavra de Deus, Sara riu, descrente. Mas Deus garantiu a Abraão que para Ele nada era impossível, a promessa seria cumprida. Abraão não duvidou da palavra de Deus, tanto que sua fé se fortaleceu e ele deu glórias a Deus.

Muitas vezes, Deus promete fazer grandes coisas em nossas vidas para trazer alegria a nós e glória a Seu nome. Mas com muita frequência nós O questionamos; até duvidamos do que Ele pode realmente fazer. Por causa de nosso orgulho, impaciência, falta de fé e esperança, tentamos depender apenas de nossas próprias forças para alcançarmos o sucesso na vida. Com isso nós impedimos, até ignoramos, o poder da divina intervenção em nossas vidas.

Assim como fez a Sara, Deus cumprirá as promessas que nos fez. Independentemente das nossas circunstâncias, podemos confiar Nele e nos agarrar à fé que professamos. Deus é fiel ao que promete. No tempo designado, Sara teve o cumprimento da promessa de Deus (Gênesis 21.1-2), e nós também podemos ter.

 Qual é a fé que professo?

Olhar para ver

Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. Miquéias 6.8

Numa primavera, nossa família fez uma viagem para visitar os maravilhosos museus de uma grande cidade. Enquanto seguíamos rua abaixo, em nossa primeira manhã ali, vimos um sem-teto, dormindo na calçada, junto de uma grelha de vapor. Meu filho mais novo imediatamente me perguntou: Por que ele está ali?? Ao passarmos pelo homem, expliquei rapidamente a meu filho que ele não tinha um lar e que dormia junto da grelha para se manter aquecido. Depois, me afastei rapidamente para as emocionantes aventuras do dia. Meu filho, no entanto, realmente viu o homem e essa imagem deixou uma impressão permanente em sua mente e seu coração jovem.

Depois que voltamos para casa, escutei as orações noturnas de meu filho, orava pelas pessoas que não tinham lar, que tremiam de frio à noite. Durante meses, ele lembrou dos sem-teto em suas orações. Nessa altura, eu nada fazia de concreto para ajudar os pobres. Em nossa cidade natal, não temos sinais perceptíveis de pobreza, como pessoas dormindo na rua. Mas temos crianças famintas em um programa local extra-escolar. Agora juntei-me a outras pessoas de minha igreja para ajudar a preparar refeições quentes para elas. Antes, havia perdido essa oportunidade, mas agora posso mostrar a meu filho que o amor pode ir além das palavras de oração e transformar-se em atos de misericórdia e bondade.

Posso não conseguir fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa.

Força x fraqueza

...Porque quando sou fraco, então é que sou forte. - 2 Coríntios 12.10

A vida cristã é cheia de ironias. Uma delas é que minhas maiores capacidades naturais às vezes tornam-se minhas maiores fraquezas espirituais. Como assim? Por natureza, sou uma pessoa detalhista; gosto de ordem, planejamento e previsibilidade. Em minha jornada espiritual, no entanto, Deus está me treinando para não temer a aparente desordem. Quando confrontada por uma circunstância enigmática, minha primeira tendência é buscar todas as peças que estão faltando e juntá-las rapidamente para gerar um produto acabado, em geral com resultados menos que desejáveis. Mas Deus tem um plano melhor: caminhar pela fé. Em vez de revelar toda a figura de uma só vez, Deus me mostra o primeiro passo que devo dar ao enfrentar meu problema. Quando obedeço, Deus revela o passo seguinte. Este tipo de caminhada costuma me deixar ansioso e sem controle No entanto, à medida que pratico o caminhar com Cristo, um passo de cada vez, isto está se tornando mais natural. Estou aprendendo que quando me sinto fraco e vulnerável, posso confiar na força infinita de Deus em vez de em minhas próprias habilidades limitadas.

Quando reconheço que sou fraco, abro-me para receber a força de Deus.

Espinhos

[...]O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. - Isaías 53.5

Alguns anos atrás, fui visitar meus pais, preocupada com a saúde de papai. Ele estava nos estágios iniciais do mal de Alzheimer e também estava perdendo a visão. Notei que papai tinha algumas feridas bem grandes no braço. De vez em quando elas sangravam um pouco e ele as esfregava. Perguntei-lhe o que havia acontecido e sua resposta foi, simplesmente: "Ah, não foi nada!" Insisti: "Papai, por favor, conte-me o que aconteceu com seu braço!" Finalmente ele respondeu: "Eu só queria pegar uma rosa bonita para a sua mãe, e feri-me nos espinhos". Papai costumava plantar rosas muito bonitas. Ele agora já não enxergava bem; mas, apesar dos espinhos, ele quis dar o seu melhor para sua noiva. Ele sabia dos espinhos, mas estava disposto a pagar o preço. De modo muito mais profundo, Jesus fez o mesmo por nós. Apesar da dor da cruz, Ele pagou o preço por sua noiva, a Igreja. Ele nos ama a este ponto. Sempre que questiono o amor de Jesus por mim, penso em papai e nas rosas. Ele teria feito qualquer coisa por minha mãe, assim como Jesus faria qualquer coisa por mim.

Deus fará qualquer coisa por mim.