sexta-feira, 24 de julho de 2009

Com novos olhos


As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. Renovam-se a cada manhã. Lamentações 3.22-23
Abri as cortinas na esperança de iluminar mais o quarto da vovó. Ela nunca se lembrava de abri-las. Desde que foi transferida para a unidade de tratamento da demência desta casa de repouso, ela vinha se tornando cada vez mais esquecida. Sentia-me triste ao ver sua debilidade mental. Um dia, nós nos sentamos à sua mesa e montamos um quebra-cabeça infantil. Eu lhe havia levado flores e, a cada vez que levantava o olhar, ela as via como se fosse pela primeira vez e perguntava-me quem as trouxera. Quando a vi levantar o olhar do quebra-cabeça mais uma vez, preparei-me para minimizar meu aborrecimento com a pergunta que sabia que viria. "Oh, veja só o que alguém trouxe!", disse vovó com agradável surpresa. Então, acrescentou: "Este é mesmo um dia lindo!" Senti um nó na garganta. Vovó estava se lembrando de algo que eu havia esquecido: a beleza do que Deus fez. O que pouco antes achei triste agora era admirável: uma mulher vendo as coisas com novos olhos, olhos que não tomavam por certas as "coisas comuns". Era como se, de repente, eu sentisse a abundância de Deus onde só esperava encontrar perdas. Vovó deu-me um vislumbre do Deus que habita nos cantos da vida, que poderíamos chamar de "vazios", o Deus que se move tanto na escuridão quanto na luz, abençoando-nos a todos.
O Espírito de Deus leva bênçãos a cada canto da criação.
Oremos pelas pessoas que sofrem de doenças associadas à demência.

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