terça-feira, 24 de junho de 2008

Neste mundo, feliz?


Ler Mateus 5 é inegável que o desejo mais profundo de todo ser humano é ser feliz.

O problema é que o interior do homem é completamente confuso e o ambiente que ele mesmo constrói a fim de ser a sua moradia relacional é um mero reprodutor daquilo que o coração carrega.

Assim, o mundo é a nossa cara e se faz perceber não como o lugar onde furacões acontecem, enchentes agonizam regiões, e terremotos sacodem o chão, mas sim como o lugar onde existe o homem, um ser que reproduz na Terra os desertos, os rios envenenados, o ar poluído, as carências de vida, os desequilíbrios, os lixões, os paredões de execução, os presídios, as chacinas, o câncer que come o corpo inteiro como corrupção social que existe em seu interior. E mais: esse ser faz isto mediante muitas caras e faces, pois aparecem como verdades religiosas, padrões morais, convenções, muros do qual o da China é mera maquete, e mísseis tão velozes para matar quanto a sua própria língua.

Assim, o homem que ser feliz, porém, ele mesmo, cria o mundo que impossibilita a sua própria felicidade. Foi por isto que Jesus ensinou que neste mundo caído a bem-aventurança está em não contribuir com a infelicidade do mundo, e resistir no contentamento e na exultação, sem jamais chorar lágrimas que já não tragam em si mesmas o consolo, nem ter nenhuma causa que não sejam pacificação e justiça, e não carregar em si nada além de um coração ensinável e uma consciência firme no que é o Bem de toda Aventurança nesta vida.

Somente assim alguém pode ser feliz nesta terra de desencontros, e onde a busca da felicidade acontece como um desejo que é assassinado pelo próprio homem, tanto em razão dele ser como é como também em razão do ambiente que ele cria a fim de procurar encontrar a tal felicidade.

Ora, o problema não é Terra. A Terra é boa. Com boa consciência e entendimento em respeito e reverencia—não precisa nem falar em amor—, todos os humanos poderiam ser muito felizes neste planeta, apesar de todos os seus acidentes e incidentes. O que nos impede de sermos felizes é nosso coração incapaz de se abrir para o entendimento de que a vida será tanto mais fácil e boa quanto menos peso nós pusermos uns sobre os outros.

Quando deixarmos de policiar a felicidade nossa e alheia, então, lentamente, a bem-aventurança começará a brotar bem de leve e bem úmida na terra do nosso coração. E quem sabe, daí, do coração, ela se espalhe para fora... e entre em outros?

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