sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mais Amor...

"Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como címbalo que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que eu entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos.

Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem desisti das coisas próprias de menino.

Porque agora, vemos como espelho, obscuramente, então verá face a face; agora conheço em parte, então conhecerei também como sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém, o maior destes é o amor."

O Melhor Caminho, porque Paulo falando aos crentes, aos que já estavam no caminho, aos que já conheciam a Jesus, aos que se dirigiam à vida eterna, diz que no caminho há uma

Alternativa sobremodo excelente, o caminho do amor.

É possível viver no caminho de Jesus, no caminho do céu, onde não encontramos este filete estreito; não achamos as pegadas, as pisadas, os passos de o amor no caminhar e na vida cristã.

A palavra que aparece, que sobeja, que Paulo esbanja que o Espírito Santo usa e, no sentimento mais reverente do termo, abusa neste texto é a palavra Ágape, a palavra amor.

Palavra esta, que os cristãos se apossaram; palavra que antes de Jesus Cristo ter vindo a este mundo, antes do Espírito Santo ter derramado-se como aconteceu sobre

O povo de Deus, não tinha no grego clássico e técnico, a conotação que os cristãos com suas vidas emprestaram; imprimiram e imputaram a esta palavra.

Ágape não era a forma mais extraordinária de sentir-se, de se amar. No mundo grego era uma das formas de se falar em amor. Mas agora os cristãos que foram possuídos por algo tão sublime, tão divino, resolveram transformar aquela palavra que soava como outras, numa palavra com um peso diferente; com conotação diferente, com sentido diferente, com conteúdo estranho e diferente, desconhecido para o mundo grego e para todo o resto.

Dessa forma, a palavra Ágape passou a ser termo para definir, para descrever dois tipos de lições tremendas.

Em primeiro lugar, trazia uma nova idéia. Antes, amor era um sentimento por alguma pessoa, pela melhor das pessoas. Quanto melhor, quanto mais elevada, quanto mais querida fosse aquela pessoa em relação as mesquinhez da própria vida, mais digna de amor seria.

Mas agora se introduz no cenário do sentir outra idéia, outro conceito, estranho ao primeiro citado.

Amor não é aquilo que se destina aos melhores. Amor não cresce na medida em que cresce o objeto amado. Ao contrário, quanto maior é o amor, tanto menor é o objeto ao qual ele se dirige. Maior é o amor quanto mais destituídas de virtudes são as pessoas as quais ele se direciona. Maior é o amor, se consegue ser amor para párias, ser amor para as prostitutas, se consegue amar os não amados, se consegue querer os não queridos, se consegue viver com pessoas impossíveis de se conviver.

Vem Jesus, vem o Espírito Santo, vem a Igreja e transforma o sentido desta palavra. Emprestou-lhe uma nova idéia e fez da cruz de Jesus a afirmação maior deste amor. Da cru onde Deus ama aqueles que os homens não amam, onde Deus ama os que não se amam a si mesmo, onde Deus ama os que não merecem amor, onde o amor de Deus é Ágape.

É na cruz que nasce o Ágape. É na cruz que nasce o amor. E é por causa da cruz que essa nova idéia brota nesta terra deserta onde dantes só nasciam espinhos, que floresce esta realidade maravilhosa de que o amor é possível porque o madeiro da cruz floresceu neste Ágape, nesta vida, nesta capacidade de sentir por aqueles aos quais ninguém sentia nada.

Em segundo lugar, a Igreja emprestou a esta palavra não apenas uma nova idéia, mas com ela construiu a teologia de um novo homem.

Olhem queridos, com esta palavra nascem homens novos, nascem mulheres novas, nascem homens e mulheres que querem ser e que com a graça de Deus podem ser miniaturas de Deus na face da terra. Gente que verá a vida como Deus a vê. Pessoas que amarão os homens com a qualidade do amor com a qual Deus nos ama.

Ágape não introduz apenas uma nova idéia, mas introduz um novo homem neste mundo velho e cansado pelo ódio, desavenças, pela tirania do egoísmo humano.

A partir daí, Paulo, que vem falando aos Coríntios num contexto de dons espirituais, apanha a qualidade do Ágape, do amor, e o compara com os dons, com o frenesi dos dons. Lá estavam os Coríntios empolgados com a capacidade de falar em línguas, de profetizarem, com os dons do conhecimento, com os doutoramentos espirituais que juntavam no aquinhoamento dos carismas do espírito, com a fé que removia montanhas, com a capacidade de operar milagres.

Então vem Paulo e em primeiro lugar diz: o amor é maior que os dons. E diz isto entre os versos 1 e 3. Inicia dizendo que o melhor discurso sem amor, é apenas barulho. Que o falar em línguas, sejam dos anjos ou dos homens, sem o amor, é como metal que retine. Para Deus é isto! É lata batendo!

Toda vez eu me pergunto Senhor, como ouves a minha voz? Como ela chega a Ti? É barulho ou é voz? Porque se não houver amor, é sino batendo que incomoda o ouvido de Deus. O melhor discurso é apenas barulho.

Paulo diz que o importante não é dizer, é fazer, é ser, é amar. Os feitos poderosos sem amor podem fazer muito pelos outros, mas não fazem nada por nós mesmos, é o que diz o verso 2.

Você pode ter a capacidade de profetizar, de dizer: "Assim diz o Senhor...", de falar uma palavra de Deus, mas se não tiver amor ele diz que você é vazio, não é absolutamente nada.

Pode ter conhecimento, uma mente agigantada, pode ser um enciclopédico, biblicamente falando, pode saber de tudo e de todos. Sem amor você é o éter, você é oco, prá Deus você não tem conteúdo.

Pode ter fé prodigiosa de tanta substância, que seja mais poderosa do que as montanhas. Pode até dizer aos montes: - Sai daqui, vai prá acolá! Eles podem até obedecer a você. Mas sem amor, Deus olha prá você e diz: - A substância da sua fé para mim é um vazio. Ela tem poder para renovar montes, mas aos meus olhos eu nem o enxergo. Sem amor tudo é vácuo, é nada, não vejo nada em ti.

Olhem queridos, ele diz que os atos de misericórdia, de dedicação, sem amor, são consumidos sem benefício para nós, tanto quanto nós demos, diz o verso 3.

Ainda que você dê pão aos pobres, ainda que venda todo o seu patrimônio (e a idéia no grego é que alguém se desfez do seu dinheiro e agora comprou comida e se transformou numa espécie de Madre Tereza de Calcutá na esquina da vida) e saia dando pão prá todo mundo; pão, pão, pão. Até que você mesmo ficou pobre, deu tanto que empobreceu. Mas se não tiver amor, como ele diz: Nada disso aproveitará.

Assim como gastou seu dinheiro, terá gastos em vão porque sem amor não fica nada.

Sem amor você empobreceu espiritualmente tanto quanto empobreceu economicamente.

Ter a fidelidade de Sadraque, Mesaque e Abedenego, sem amor, não adianta nada. Dar o Próprio corpo para ser queimado, ser fiel como eles foram ter a ortodoxia, pragmatismo, não arredarem o pé das posições das melhores doutrinas, sem amor não fica nada. O fogo que queimará o seu corpo é com certeza também, o fogo que diante de Deus, lamberá tudo e não deixará nenhum resíduo do que você faz. Porque só o amor sobrevive ao fogo, só o amor é indestrutível.

Depois de tirar da mente dos Coríntios aquela idéia e aquele frenesi de dons, e dizer o que fica o que perdura, o que vale para Deus, o que autentica os carismas e o amor, Paulo então vem e descreve o que é o amor.

Contam que foi pedido a Rui Barbosa para que escrevesse um texto sobre o amor e ele disse: "O que é o amor? - Depois que Paulo escreveu 1 Coríntios 13, não creio que ninguém tenha a coragem de escrever outra coisa e acrescentar o que ali está escrito e dito."

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